Como você imagina o futuro do trabalho daqui a 10 anos? Este foi o tema principal do bate-papo que o Teach The Future Brasil promoveu no dia 1º de março, em uma das 24 horas de programação que marcaram o Dia Mundial do Futuro 2022. Mediada pela futurista Rosa Alegria, diretora do TTF Brasil, a conversa foi conduzida pelos jovens Ana Júlia Monteiro, líder nordestina e única latino americana no Top 10 Global Student Prize, e João Guilherme Medeiros Leite, estudante de odontologia, pesquisador e colaborador da Rede Conhecimento Social.
Durante o encontro, que aconteceu virtualmente, jovens e adultos fomentaram o diálogo intergeracional e multidisciplinar sobre suas visões, apostas e aspirações em torno do presente e do futuro do trabalho. A conversa gerou uma série de provocações e insights instigantes. Abaixo, sublinhamos alguns pontos.
Futuro imaginado x futuro desejado
Tal como iniciamos este artigo, o bate-papo começou com a pergunta sobre como os participantes veem o mundo do trabalho em 2032, com uma primeira reflexão mais voltada para as apostas do que para os desejos pessoais de cada um.
Júlia destacou o fato de que o futuro é alterado o tempo todo de acordo com o que está acontecendo no presente. Ela citou como exemplo o atual conflito entre a Rússia e a Ucrânia, questionando se o envio de armamentos à Ucrânia por outros países, por exemplo, poderia gerar a necessidade de novos postos de trabalho ligados a essas armas. “Será que isso é bom?”, ela perguntou.
Ao serem instigados pela pergunta sobre o futuro, os participantes da conversa também deixaram suas opiniões. Há quem acredite que o futuro será marcado por jogos de poder e conflitos e tensões étnicas, que o mercado de trabalho buscará expertises e tempos de experiências em áreas que ainda são novas, que a nossa atuação profissional se realizará de forma múltipla. Há quem acredite que estaremos ainda mais cansados também.
Quando questionados sobre o futuro desejado, as respostas foram diversas: que possamos ser além das nossas formações e/ou profissões, que sejamos corresponsáveis e ecocêntricos, trazendo a vida para o centro de nossas ações, que cada um possa ser visto e entendido em sua singularidade e jeito de aprender, entre outras contribuições.
Evolução tecnológica X evolução social
Fazendo o gancho com a tecnologia, João trouxe à tona o desenho dos Jetsons, que ele via na infância, lembrando que hoje existem várias coisas antes vistas como impossíveis de acontecer. Falando da pandemia e de tudo o que ela provocou em nossas vidas em termos de digitalização e adesão a novas tecnologias, ele lançou a pergunta: “será que a tecnologia vai tomar o seu trabalho ou vai te ajudar a realizá-lo?”
A pergunta de João se conecta à ideia e às respostas de que precisamos pensar além da tecnologia e entender que, diante de um avanço tecnológico que vem substituindo diversas profissões, as habilidades humanas individuais e coletivas serão determinantes para a manutenção da nossa relevância no mundo do trabalho. Por isso, é fundamental que pensemos em como evoluiremos socialmente.
Eis, no entanto, outra questão. Ao refletir sobre isso, Júlia sente que sua geração não tem conseguido desenvolver o que precisa, muito em consequência do excesso de informação e comparação decorrentes, sobretudo, das redes sociais. “Ou as coisas estão muito ruins, ou tudo está caminhando tão bem pra todo mundo que você sente que não está conseguindo chegar naquele ponto”, diz. Foi consenso que aprender a lidar com as relações dentro e fora das redes sociais é um desafio tanto para jovens quanto para adultos.
Futuro do trabalho passa pelo futuro - e presente - da educação
É difícil falar sobre o futuro do trabalho sem falar de educação. E nesse ponto, tanto Júlia quanto João citaram a defasagem dos métodos de ensino, a sobrecarga de atividades estudantis e a falta de uma conexão real entre o conteúdo transmitido e o que é exigido pelo mercado de trabalho como pontos que fazem da escola um lugar pouco atraente para os jovens. Para João, também existe uma falta de interesse em seguir profissões mais tradicionais porque muitas vezes existe a percepção de que é possível ganhar mais dinheiro fazendo uma dancinha no Tik Tok, por exemplo.
Outro ponto levantado foi a necessidade de uma educação mais voltada ao empreendedorismo. Na opinião de Júlia, “a geração mais jovem já nasceu com isso na veia”. E isso também se relaciona à capacidade de adaptação e aprendizado constantes imposta a todas as gerações, mas com mais impacto sobre as mais novas. “Precisamos de mais autoconhecimento de que somos pessoas novas todos os dias. Podemos ser diferentes e conseguir coisas diferentes. Por isso é importante o empreendedorismo e a consciência de poder mudar”, completa.
Foi uma conversa e tanto. A boa notícia é que você pode assisti-la através do link:
https://youtu.be/vce0Nd9OtMw. E se quiser continuar o diálogo, fique à vontade para deixar nos comentários: como você vê o Futuro do Trabalho em 2032? Nós vamos adorar saber!
Comments