Um papo com Thayani Costa
Sobre a Thayani
Mãe da Liz e da Eva, empreendedora, praticante de Foresight Estratégico com especialização em Futures Thinking. Tem um histórico profissional multidisciplinar - navega pelas áreas de comunicação, design e gestão de negócios digitais. Acredita muito no poder da diversidade, da colaboração e da inteligência coletiva como caminho para construção de futuros desejáveis. Em 2020 iniciou a Futuros Plurais, uma iniciativa voltada à alfabetização de futuros, onde ela e outros profissionais promovem espaços colaborativos para o desenvolvimento da Consciência de Futuros.
Nesta entrevista, Thayani conta um pouco sobre como surgiu o interesse nos Estudos de Futuros e no quanto a disciplina tem contribuído para os diferentes aspectos de sua vida.
1- Em seu currículo, você apresenta uma trajetória de mais de 10 anos de experiência em comunicação digital e estratégicas de negócios. A partir de que momento você entendeu que seria importante se aprofundar nos Estudos de Futuros?
Há alguns anos atrás eu gerenciava um negócio de comércio eletrônico e, apesar de termos, na época, bons resultados financeiros, eu comecei a sentir que estávamos desalinhados com o espírito do tempo e que, se não mudássemos nosso posicionamento e o valor que gerávamos à sociedade, poderíamos ter problemas no futuro próximo. Mas ao mesmo tempo em que senti a necessidade de mudança, me sentia perdida, sem nenhuma clareza de uma direção para seguir. Naquele momento percebi que eu precisava buscar compreender com mais profundidade o curso das mudanças que estão acontecendo no mundo. Foi quando tive contato com os Estudos de Futuros pela primeira vez. À medida que fui me aprofundando na disciplina, percebi que ela tinha muito mais a me oferecer do que eu imaginava precisar. Ter contato com Foresight ou Estudos de Futuros foi um divisor de águas na minha vida. Me vi encantada por uma disciplina que, além de ampliar nossa compreensão das mudanças para tomarmos melhores decisões, de forma muito incisiva nos convida a gerar mudanças de forma ativa. Eu enxerguei, nos Estudos de Futuros, um caminho efetivo para gerarmos transformações necessárias nos contextos em que atuamos.
2- De uma forma prática, como você enxerga a contribuição dos Estudos de Futuros em sua vida como empreendedora e, não podemos deixar de citar, como mãe?
Para mim, o desenvolvimento da Consciência de Futuros é uma prática constante. Esse desenvolvimento afeta diretamente nossa capacidade de adaptação e resiliência, amplia a percepção sistêmica e nosso senso de agir para gerar mudanças. Como empreendedora me sinto mais preparada para lidar com essas mudanças e para visualizar oportunidades. Como mãe, reconheço a minha responsabilidade nas sementes que estou plantando para as próximas gerações e busco trazer para o ambiente familiar discussões que considero importantes para a desconstrução de padrões que não precisam mais ser perpetuados.
3- A Futuros Plurais, sua empresa, possui uma comunicação bastante didática nas redes sociais, sobretudo por abordar um campo de estudos que podemos considerar, de certa forma, ainda novo no Brasil. Como você observa a recepção das pessoas a esse tema?
Nosso desafio é produzir conteúdos e criar espaços de troca que gerem reflexões construtivas acerca do futuro. Percebo num geral que há muito interesse em tudo que cite o futuro, porém ainda é muito comum as pessoas buscarem respostas prontas sobre como o futuro será. O nosso objetivo, na Futuros Plurais, não é oferecer respostas prontas, mas facilitar que cada pessoa possa desenvolver sua visão sobre as possibilidades futuras e, a partir daí, encontrar seu lugar como agente de mudança para construção do seu futuro desejado. Considero a Futuros Plurais um território de experimentação, um espaço para testarmos novas formas de aprender juntos. Uma dessas experimentações foi a criação de um grupo de estudos, que tinha como objetivo inicial reunir pessoas que queriam desenvolver o pensamento de futuros e experimentar, na prática, as ferramentas de Foresight para que depois pudessem aplicá-las em outros ambientes. Em um pouco mais de um ano, esse grupo de estudos evoluiu para uma comunidade engajada e autogerida que vem agregando olhares multidisciplinares e experimentando de forma colaborativa, caminhos para ampliar essa discussão e levá-la para diversos outros contextos.
4- Em um de seus artigos, você aborda a necessidade de migrarmos de uma cultura de competição/controle para uma cultura de colaboração/cuidado. De que forma você acredita que os Estudos de Futuros poderiam contribuir para isso?
No meu caso, em particular, mergulhar nos Estudos de Futuros também ampliou minha percepção sobre as dinâmicas, padrões e formas de operar que seguimos perpetuando sem questionar. Buscar entender a origem das narrativas e das crenças que nos conduzem a esses comportamentos individuais e coletivos para questioná-los e transformá-los também faz parte do processo de estudar e praticar futuros. Acredito que, quando uma pessoa, ou um conjunto de pessoas de uma organização, têm a oportunidade de olhar para essas questões através de um processo facilitado pelo Foresight, a busca pela mudança consciente se manifesta.
5- De um ponto de vista particular, considerando as mudanças em curso, que futuro você gostaria de ver?
Eu gostaria de ver um futuro em que a pobreza e a fome estivessem presentes apenas nos livros de história e que todo brasileiro e brasileira tivesse acesso à educação.
6- Por fim, que sugestão você daria para quem quer começar a se aprofundar nessa área?
Acredito que o Pensamento de Futuros pode ser desenvolvido por todas as pessoas em diferentes idades, e pode agregar tanto na atuação profissional quanto na vida pessoal. Para além de estudar os conceitos e ferramentas, deixo aqui algumas sugestões: Busque ampliar o olhar, escutar pessoas diferentes de você, compreender o mundo também através de outras realidades. Exercite o pensamento crítico. Faça mais perguntas. Não tenha medo de imaginar coisas "impossíveis". Valorize a diversidade e fuja de respostas prontas sobre o futuro.
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